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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Os setores da economia e as cadeias produtivas



14. Os setores da economia e as cadeias produtivas 2012
Prof. Mario – Geografia – 5ª. série

Tradicionalmente, as estatísticas interna­cionais dividem a economia em três grandes setores. O setor primário reúne as atividades agropecuárias e extrativas, vinculadas às dinâ­micas da natureza. O setor secundário engloba a produção de bens materiais, resultantes da transformação de matérias-primas. Nele figu­ram atividades que dependem de máquinas e equipamentos, como o conjunto da produção fabril, a construção civil e a geração de energia. O setor terciário, por sua vez, abrange os servi­ços em geral e inclui o comércio, as atividades financeiras, a saúde, a educação, as telecomuni­cações e a administração pública.
Nos relatórios produzidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por exemplo, as estatísticas sobre a estrutura de empregos dos países pesquisados são organizadas de acordo com esses três setores de atividade, de forma a criar uma base genérica de comparação entre suas estruturas econômicas. Entretanto, como sabemos, a divisão em três setores não é capaz de responder às complexidades das economias nacionais contemporâneas. Por isso, no caso brasileiro, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geogra­fia e Estatística (IBGE) adota a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), organizada em 21 grandes categorias, que agrupam um enorme conjunto de subcategorias:
- Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e agricultura;
- Indústrias extrativas;
- Indústrias de transformação;
- Eletricidade e gás;
- Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação;
- Construção;
- Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas;
- Transporte, armazenagem e correio;
- Alojamento e alimentação;
- Informação e comunicação;
- Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados;
- Atividades imobiliárias;
- Atividades profissionais, científicas e técnicas;
- Atividades administrativas e serviços complementares;
- Administração pública, defesa e seguridade social;
- Educação;
- Saúde humana e serviços sociais;
- Artes, cultura, esporte e recreação;
- Outras atividades de serviços;
- Serviços domésticos;
- Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.
Essa classificação, que segue padrões esta­belecidos internacionalmente, permite mapear a organização das atividades no país e também funciona como instrumento de harmonização e comparação de informações econômicas mais detalhadas, em âmbito mundial.
Independentemente da forma pela qual são agrupados para fins estatísticos, os se­tores de atividade econômica não existem de forma isolada; eles estabelecem uma rede de relações entre si. A agricultura moderna, por exemplo, só pode ser compreendida se analisada em suas relações com a indús­tria fornecedora e de transformação, com o sistema de comércio e com as instituições financeiras.
Na organização das atividades econômicas no mundo contem­porâneo, grande parte dos produtos alimentares que são vendidos nos supermercados passou por algum processo de industrialização. Al­guns exemplos: sucos de frutas, arroz beneficiado, leite pas­teurizado, macarrão, óleos, entre outros. As matérias-primas foram produzidas em estabelecimentos rurais, como sítios e fa­zendas. Os estabelecimentos rurais, que produ­zem essas matérias-primas, também uti­lizam produtos industriais, como tratares e ferti­lizantes químicos industrializados.
Com base no esquema “Relações entre os diferentes tipos de atividades econômicas”, da página 3 do caderno do aluno, é possível cons­truir o conceito de cadeia produtiva, ou seja, uma série de atividades econômicas relacionadas pelas quais a matéria-prima se torna um produto industrial e é consumida.

Os setores de atividades
A economia moderna comporta uma enor­me quantidade de atividades econômicas. Entretanto, elas podem ser agrupadas em três grandes setores.
O setor primário é composto da agricultu­ra, da pecuária (criação de animais) e do extrativismo (mineral, vegetal ou animal).
O setor secundário é formado pelas ativi­dades industriais, pela indústria extrativa e pela construção civil (que constrói casas e estradas, por exemplo). A atividade de extração mineral, quando é realizada em grande escala e envolve maquinários pesa­dos, é classificada como indústria, e tam­bém pertence ao setor secundário.
O setor terciário compreende as atividades de comércio, dos bancos, da prestação de serviços (como educação), do transporte e da administração pública.
Em alguns países, uma parcela pequena dos trabalhadores está empregada no setor primário, pois a força de trabalho humano foi largamente substituída pelas máquinas. Também na indústria, tecnologias sofisti­cadas e a automação reduziram a neces­sidade de trabalhadores. Por isso, nesses países, a maior parte da população ativa está no setor terciário.
Há uma diversidade de formas de trabalho existentes em cada um desses setores:
- A agricultu­ra, tanto no Brasil como no mundo, é extre­mamente diversificada em termos do uso de tecnologia. A criação de animais também se diferencia pelo uso de tecnologias. São classificados como sistemas agrícolas modernos o uso de tratores, semeadeiras e colheitadeiras. Já o trabalho realizado manualmente faz parte dos sistemas tradicionais de agricultura;
- O setor terciário é muito diversificado. O co­mércio, por exemplo, abriga tanto a venda de mercadorias nos faróis como a das lojas mais sofisticadas. Advogados, médicos, pro­fessores e empregados domésticos também fazem parte desse setor, pois são prestado­res de serviços.
O mapa “Mundo: população ativa no setor primário”, na página 5 do caderno do aluno, apresenta as regiões do mundo que exibem maior por­centagem de trabalhadores no setor primá­rio da economia: o continente africano, a Ásia Meridional, o Sudeste Asiático e a China. Nas regiões que exibem maior porcentagem de trabalhadores no setor primário predominam os sistemas tradicionais de agricultura.

Montando uma cadeia produtiva
Uma roupa voltada para o consumo popular, mais barata, ou de uma roupa que busca atender à demanda do mercado de luxo? Essa decisão é crucial para a distinção de todas as etapas da cadeia produtiva, especialmente na concep­ção, na publicidade e no consumo. As etapas detalhadas do funcionamento da cadeia produtiva de uma mercadoria são:
- Concepção do produto: o que é atraen­te para os potenciais compradores?
- Matéria-prima: quais são as matérias-primas necessárias para a fabricação do produto?.
- Industrialização: quais indústrias serão envolvidas na fabricação do produto? As roupas, por exemplo, mobilizam a indústria têxtil e de confecção. Os fabricantes de tênis usam tecidos, tintas, borrachas e plásticos.
- Publicidade: a propaganda também faz par­te da cadeia produtiva. Criar uma estratégia de venda do produto selecionado é muito importante, criando campanhas de propaganda direcionadas aos consumido­res potenciais desse produto.
- Consumo: quais são os melhores pontos de venda para o produto selecionado, de acordo com o perfil do consumidor potencial?

15. A cadeia produtiva da laranja

A cadeia produtiva da laranja é uma das mais importantes da agricultura pau­lista e que também figura entre os princi­pais produtos do agronegócio brasileiro. O conceito de agroindústria envolve diversas etapas anteriores e posteriores à produção agrícola propria­mente dita e surge da integração entre a agricultura e a indústria, isto é, entre o campo e a cidade.
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de laranja e de suco de laranja, e a cadeia produtiva da laranja gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no país. Trata-se, portanto, de um setor importante para a geração de emprego e de renda, tanto no campo como na cidade.
O cultivo da laranja e a produção industrial de suco de laranja integram a mesma cadeia produtiva, pois a laranja é matéria-prima para as fábricas de suco de laranja.Nem toda a produção de laranja no Brasil é processada industrialmente, uma parte é vendida diretamente no mercado, como fruta fresca. A laranja que chega sem processamento ao mercado também integra uma cadeia produ­tiva, pois o cultivo da laranja está inte­grado às atividades industriais (produção de fertilizantes e maquinarias agrícolas), ao setor de transportes e ao comércio, por meio do qual a fruta finalmente chega ao consumidor final. Diferentes elos integram as atividades econômicas envolvidas na cadeia produtiva da laranja, mesmo quando não ocorre o processamento indus­trial da matéria-prima.

A geografia da laranja no Brasil (um pouco da história da citricultura no Brasil)
Em 1501, os portugueses trouxeram da Espanha as primeiras mudas de plantas cítricas para o Brasil. O objetivo era criar abastecimento de vitamina C, para ser uti­lizada no combate ao escorbuto, doença que atacava as tripulações no período dos Descobrimentos.
No século XIX, a laranja já era cultivada no Rio de Janeiro para exportação.
No início da década de 1930, as principais empresas exportadoras se transferiram do Rio de Janeiro para Limeira, no Estado de São Paulo, por causa das facilidades de transportes encontradas na região.
A partir de 1960, o cultivo se espalhou para as regiões de Araraquara e Bebedouro.
Em 1963, foi instalada em Araraquara a primeira fábrica brasileira de suco concen­trado e congelado.
Na década de 1970, os pomares paulistas se expandiram, e o Brasil começou a exportar não apenas a fruta, mas também o suco.
Em 1977, as duas maiores fabricantes de suco de laranja em operação no Brasil al­cançaram o controle de pelo menos 50% da capacidade produtiva instalada no país. Desde então,  elas continuam sendo as maiores empresas industriais do setor.
Em 2005, o Brasil detinha 83% do mer­cado mundial de suco de laranja, sendo, portanto, o maior exportador mundial do produto. 88% de todo o suco de laranja produzido no mundo é consumido na Europa e na América do Norte.
O mapa “Brasil: produção de laranja, 1999”, na página 9 do caderno do aluno, apresenta a principal região produtora de laranja no Brasil: o interior do Estado de São Paulo (onde tem bastante bolinhas). Entretanto, existem também regiões pro­dutoras importantes no Rio de Janeiro, na Bahia e no Rio Grande do Sul.
Vamos analisar a geografia da produ­ção na escala estadual: observe o mapa “São Paulo: produção de laranja, 2003”, na página 10 do caderno do aluno. São Paulo compreende 645 municípios. Os seis maiores municípios produtores de laranja no estado são Bebedouro, Itapetininga, Itápolis, Matão, Tambaú e Mogi-Guaçu (em vermelho). Nenhum município litorâneo do estado figura entre os produtores de laranja (em branco).

Produção e consumo de suco de laranja
Observe os três gráficos de barra “Mundo: maiores produtores de suco de laranja, 2008-2009”, “Mundo: maiores exportadores de suco de laranja, 2008-2009” e “Mundo: maiores consumidores de suco de laranja, 2008-2009”, nas páginas 11 e 12 do caderno do aluno.
A idéia central é comparar a situação do Brasil, do México, da União Européia e dos Estados Unidos no que diz respeito à produção, ao consumo interno e às exportações de suco de laranja. Nos dois primeiros casos, a maior parte da produção é direcionada ao mercado externo. Na safra 2008-2009, o Brasil produziu 1.240.00 toneladas de suco de laranja. Essa produção se dirige quase que exclusivamente ao mercado externo. Em 2008-2009, o Brasil exportou 1.220.000 toneladas de suco, ou seja, quase tudo o que produziu. Isso ocorre porque o suco de laranja industrializado é muito caro em nosso país e, por isso, não é consumido pela maior parte das famílias. No caso dos Estados Unidos, segundo maior produtor mundial, o consumo de suco de laranja é maior que a produção. A maior parte da população ganha o suficiente para comprar suco de laranja industrializado e, por isso, o consumo é muito elevado. Mesmo sendo um grande produ­tor, o país precisa importar suco de laranja para garantir o abastecimento de sua população. No caso do México, a maior parte do suco produzido é exportada, tal como ocorre no Brasil. O mesmo acontece em relação ao po­der aquisitivo das famílias e o hábito de con­sumo desse produto.
Dizemos que a ca­deia produtiva do suco de laranja no Brasil é internacionalizada, pois a produção é feita no Brasil, mas o consumo ocorre principalmente fora do país, nos Estados Unidos, na União Européia, no Japão, no Canadá e na China.

Investigando a cadeia produtiva da laranja
A cadeia produtiva da laranja envolve um grande número de agentes que operam basicamente em três estágios: antes das fazendas, nas fazendas e após as fazendas.
O diagrama “Brasil: cadeia produtiva da laranja, 2003” na página 14 e 15 do caderno do aluno, ilustra esses estágios: As fazendas de produção de laranja são con­sumidoras de produtos industrializados, como fertilizantes, tratores e equipa­mento de irrigação, entre outros. Ao mesmo tempo, for­necem para diversos tipos de indústria, como as de suco de laranja pasteurizado e as de ração. A cadeia produtiva da laranja mobiliza todos os setores da economia: o setor pri­mário (agricultura), o setor secundário (indústria) e o setor terciário (comércio e distribuição).

16. A cadeia produtiva do setor automobilístico

Qual a teia de relações que as indústrias estabelecem entre si e a diferença entre as indústrias de bens de produção e as de bens de consumo?
Todos os setores industriais uti­lizam recursos extraídos da natureza, mesmo que esses recursos já tenham sido processados anteriormente por outra indústria. O aço que abastece as indústrias automobilísticas, por exemplo, foi fabricado em uma siderúrgica, que utilizou minério de ferro como matéria-prima. O petróleo, por sua vez, é matéria-prima para os mais diversos produtos industrializados como pneus, tintas, tubulações, brinquedos, sapatos, tecidos sintéticos, insumos agrícolas, remédios e em todos os produtos plásticos. As indústrias de alimentos processam produtos da agropecuária, isto é, plantas e animais.
As cadeias produtivas não apenas conectam os diferentes setores da economia, como também integram empresas que atuam dentro de um mesmo setor.
As indústrias de bens de produção são aque­las que fabricam produtos destinados ao uso de outras indústrias. Nessa categoria estão, por exemplo, as indústrias siderúrgicas (que produzem aço), as metalúrgicas (que produ­zem peças metálicas), as petroquímicas e as que produzem máquinas e equipamentos.
As indústrias de bens de consumo são aque­las que compram produtos das indústrias de bens de produção e com eles fabricam produtos destinados diretamente ao uso dos consumidores finais. Automóveis, eletrodomésticos, roupas e remédios são fa­bricados nessas indústrias.

A cadeia produtiva dos automóveis
O esquema “A cadeia produtiva dos automóveis”, na página 17 do caderno do aluno, distingue as principais etapas dessa cadeia produtiva.

Produzindo no limite
Em junho de 2008, diversos jornais noticia­ram que a cadeia produtiva dos automóveis no Brasil estava sendo pressionada pelo aumento da venda de carros. Leia, na página 19 do caderno do aluno, alguns trechos de uma reportagem do jornal Folha de São Paulo sobre o assunto. Vamos verificar por que o aumento da venda de carros tem estressado os fornecedo­res que participam dessa cadeia produtiva. Uma teia de relações e interdependência é estabelecida entre as indústrias. O crescimento da in­dústria de carros repercute em um grande número de setores industriais que atuam como fornecedores.

17. A sedução do consumo

O consumo e a publicidade são componentes essenciais das cadeias produti­vas. O geógrafo Milton Santos afirma que, no mundo contem­porâneo, as empresas hegemônicas produzem primeiramente o consumidor, depois os bens de consumo. A jornalista canadense Naomi Klein, por sua vez, afirma que, desde a década de 1980, as grandes corporações mundiais deixaram de fabricar "coisas" e passaram a produzir imagens de suas marcas, ou seja, símbolos. A produção pode ser terceirizada, transferida para países pobres, nos quais a mão de obra é muito mais barata. Dessa maneira, os fabricantes mais co­nhecidos do mundo produzem cada vez menos: eles compram produtos e lhes imprimem suas marcas, enquanto a publicidade se encarrega de associar essas marcas a desejos e emoções. Em nossa sociedade, comprar não significa apenas adquirir um bem ou um serviço, mas também pode representar status e definir a identidade das pessoas. Será que essa é uma boa lógica? As pessoas podem ser definidas pelas roupas que usam ou pelos carros que dirigem? Ter é mais importante que ser? O que vocês pensam sobre isso?
Com relação ao "consumo sustentável", é preciso lembrar que, para fabricar e trans­portar qualquer tipo de produto, é preciso gastar matérias-primas, água, energia e tra­balho. Consumir sem necessidade, portanto, significa desperdiçar todos esses recursos e contribuir para a degradação ambiental.
Consumismo significa consumo impulsionado pela publicidade e direcionado para a obten­ção de reconhecimento social. Consumo sustentável está orientado no sentido de mini­mizar os impactos ambientais. Os custos sociais e ambientais do consumo perdulário (esbanjador) significam desperdício do trabalho humano e dos recursos naturais.

No mundo das marcas: os encantos da publicidade
Na obra Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido, a escritora canadense Naomi Klein afirma que, desde a década de 1980, as grandes corporações mundiais pas­saram a investir na produção de marcas associadas a um conjunto de valores, estilos de vida, idéias e conceitos.
As campanhas publicitárias asso­ciam uma determinada marca a liberdade, bem-estar físico e vida saudável, harmonia familiar, status e reconhecimento social, segurança financeira, elegância e felicidade, utilizando ro­teiros, trilhas sonoras, características das pessoas contratadas (anônimas ou famosas), uso de seqüências de figuras relacionadas ao esporte, ao lazer e à viagens, por exemplo.
A maior parte das estratégias publicitárias busca associar marcas e produtos a um de­terminado estilo de vida e a um conceito. Nos comerciais de margarina, as famílias são sempre harmoniosas e felizes; a publici­dade de carros muitas vezes recorre à idéia de liberdade, e, outras vezes, à ideia de sta­tus social. Muitas das estratégias publicitárias procuram associar um produto a uma idéia. Assim, tal produto "conecta as pes­soas", enquanto outro "torna a vida mais leve". Uma rede de supermercado se anun­cia como "lugar de gente feliz", associando diretamente consumo e felicidade. No caso da publicidade destinada a crianças, as mensagens também são explícitas. Por exemplo, o consumo de determinados pro­dutos alimentares é associado ao aumento da força física e da vitalidade, ou ainda ao sucesso no ambiente escolar.

Consumo, descarte e riqueza
            Para finalizar, vamos ler o texto “Consumo, descarte e riqueza” na página 22 do caderno do aluno.

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