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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

TEXTO PARA 8ª SÉRIE FUNDAMENTAL


TEXTO PARA 8ª SÉRIE  FUNDAMENTAL 1 BIMESTRE

1. Relações entre espaço geográfico e globalização
Prof. Mario – Geografia – 8ª. Série

A principal forma de expressão da chamada globalização é o aumento das relações na escala global.

Globalização: escalas e tecnologias
O que é a globalização? Quais as implicações desse processo em nosso cotidiano? Há vantagens? Quais? Há problemas? Quais?
O texto de Ralph Linton, na página 3 do caderno do aluno, permite uma reflexão sobre o significado das relações que se desenvolvem na escala mundial. Refere-se a uma longa história de trocas culturais entre diversos grupos sociais e nações. Considerando que as trocas atuais são muito mais volumosas e aceleradas, até onde terão chegado as influências entre os povos? Isso não dará condições para perceber-se que, na atualidade, a escala mundial está bem mais plena de relações? Será que estamos nos transformando em “cidadãos do mundo”, bem mais do que apenas cidadãos nacionais?
O espaço geográfico é uma construção humana sobre uma superfície natural transformada, composta por edificações e obras diversas, dispostas para possibilitar a constante interação dos homens entre si e entre os bens que eles produzem e os bens naturais. Por tudo isso, o espaço geográfico é parte integrante da sociedade.
Tendo esse entendimento de espaço geográfico em mente, podemos retornar à análise do processo de globalização. Teria a globalização uma dimensão espacial clara na sua constituição? O espaço geográfico transformou-se para que a globalização, que corresponde ao aumento extraordinário das relações na escala mundial, pudesse acontecer.
O que percebem da globalização, com situações observadas em seu cotidiano?
Como o lugar se insere no mundo?
Em um primeiro momento, ficará mais fácil entender como a escala global se insere no lugar, na escala local. Identificar o global no local é algo que observamos diariamente: as influências de outros países, de outras culturas no nosso dia a dia é um exemplo de algo global que se insere no local. A escala global passa pelo seu lugar, e seu lugar está nesse mundo que está se construindo.
Na medida em que o global vai se inserindo no lugar e transformando-o, o lugar também vai transformando o mundo. Entretanto, vários fatores condicionam as possibilidades concretas de inserção do lugar no mundo. Como isso acontece?
Pode-se trabalhar com os três grandes níveis de escala: local, regional (nacional) e global. Os dois últimos níveis (o nacional e o global) agem sobre o primeiro (o local), mas não podem substituí-lo. O local, por mais influências alheias absorva, sempre tem sua particularidade.
A globalização é o encurtamento das distâncias em razão dos avanços tecnológicos, é a homogeneização dos lugares a partir da uniformização dos processos produtivos, do consumo, dos hábitos, a expansão das corporações para regiões fora de seus países de origem.
Qual é o “motor” da globalização? A globalização é um processo que já vem ocorrendo há muito tempo?
As grandes navegações e o processo de colonização de novos espaços pelos europeus ocorreram no chamado Período Técnico. Esse longo período foi pródigo em avanços: a bússola, os portulanos, a imprensa, e posteriormente a máquina a vapor e o telégrafo são alguns exemplos do que a humanidade incorporou nesse período.
Esses aparatos técnicos possibilitaram, a certos países, atuar numa escala global: acelerar os contatos e as trocas, ter acesso a novos bens e outras culturas, expandir sua força econômica, construindo um regime capitalista. Mas não era, nesse momento, globalização.
A globalização, no presente, tem outra força e outra qualidade. Antes de tudo, ela é fruto de uma revolução tecnológica nas comunicações e na eletrônica, que encurtou distâncias e criou novas formas de comunicação e organização. Tais alterações também podem ser consideradas como responsáveis pelas grandes mudanças no cenário geopolítico do século XX, alimentando novas formas de organização econômica ao aproximar mercados e reorientá-los em blocos comerciais (Nafta, MERCOSUL, etc).
Essa reorganização é diferente daquele manifestada durante o período da “Guerra Fria”, quando o mundo era polarizado por forças hegemônicas lideradas pelos Estados Unidos da América (EUA) e pela extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que utilizaram seus sistemas econômicos – capitalismo e socialismo – como forças de pressão internacional.
Contemporaneamente, os progressos técnicos estão intimamente ligados à aceleração do tempo, característica-chave do processo de globalização. Essa aceleração muda nossas relações com a distância geográfica, agora mais facilmente transposta. Trata-se da compressão do tempo-espaço: o encolhimento do mapa do mundo, graças a inovações nos transportes que encolhem o espaço por meio do tempo.
A figura “O encolhimento do mapa do mundo”, na página 7 do caderno do aluno, demonstra a metáfora do “encolhimento” ou da nova relação das sociedades com a distância, relacionada ao desenvolvimento dos meios de transporte. Pode-se afirmar, portanto, que o mundo ficou menor para o ser humano. As pessoas, os remédios, as mercadorias chegam muito mais rapidamente a seus destinos.
O que permite compreender o processo de globalização é a incorporação de novas tecnologias no espaço, ou seja, o advento da revolução tecnológica, ainda em andamento e responsável, também, pela integração de economias e mercados. No entanto, é possível perceber que se trata de um fenômeno que vai muito além da integração econômica e de mercados, que por si só já é um evento de grande complexidade.
As empresas multinacionais transformaram-se em transnacionais e atualmente são empresas globais. Os mercados não são mais apenas locais, mas planetários. Temos a universalização do sistema produtivo, do sistema financeiro e das formas de comunicação. Mas essa universalização não engloba todos os segmentos de uma sociedade: por exemplo, uma universalização da política. Não é possível afirmar a existência de um espaço global. O que na verdade existe é um conjunto de espaços nacionais e algumas redes que atuam na escala global. Será que todos os lugares e povos são atingidos pela globalização com a mesma intensidade? A resposta é não!
Alguns exemplos de comunidades que não são favorecidas são as comunidades indígenas, as comunidades quilombolas (grupos humanos remanescentes dos antigos quilombos – povoados de escravos fugidos à época da escravidão no Brasil), as comunidades camponesas, praticantes ainda da agricultura de subsistência, pescadores ou caiçaras.
Por isso, por mais contraditória que seja a expressão, a globalização não é universal. Mas podemos afirmar que a globalização já implica num maior interdependência dos países entre si e das pessoas de certa maneira, numa articulação instantânea entre os diferentes lugares do mundo (conexão on-line), numa certa tendência à uniformização de padrões culturais.
Pode-se dizer que, a multiplicação dos espaços de lucro (domínio de mercados, locais de investimento e fontes de matérias-primas) foi uma força que conduziu o mundo à globalização. Entretanto, até este momento, há limitações para a amplificação do fenômeno: o progresso técnico atinge poucos países e regiões e, ainda assim, de forma circunscrita (limitada, restrita, com limites determinados) e com efeitos que não vão se generalizar.
Está em construção uma nova cartografia do mundo, com as redefinições no espaço geográfico.

2. Diferenças regionais na era da globalização

            Vamos aprofundar o conceito de globalização, identificando seus efeitos na economia e no cotidiano dos indivíduos, a produção das diversidades e desigualdades regionais, apesar da maior tendência de homogeneização (igualar, já que todos têm acesso a tudo) desencadeada por esse processo. Vamos identificar a existência de divisões de trabalho, tanto no processo produtivo – divisão social do trabalho – como entre atividades econômicas, que se territorializam – a divisão territorial do trabalho (cada região pode desenvolver determinado tipo de trabalho).
           
Globalização: regionalização e identidades locais
Como há uma crescente interligação econômica no plano da escala mundial, podemos aprofundar esse entendimento com os exercícios do caderno do aluno.

3. As possibilidades de regionalização do mundo contemporâneo

O mundo contemporâneo, por conta da globalização, permite diversas interpretações e classificações das regionalizações na escala mundial. Vamos comparar as diferentes propostas de regionalização e de onde vêm estas idéias.

Os modos de ver a ordem mundial
A leitura e a interpretação de diversos mapas é uma das habilidades mais importantes da Geografia. Sua aprendizagem possibilita aplicá-la sistematicamente em todos os conteúdos da Geografia, além de contribuir para a solidificação do aprendido. A car­tografia expressa, graficamente, rela­ções espaciais entre fenômenos que tenham expressão geográfica. Envolve, necessariamente, comparação, diferenciação e classificação dos objetos, além da análise das relações entre eles. Os mapas e gráficos complementam as idéias expressas pelos conceitos, permitindo observar diversos aspec­tos da realidade sintetizados no mapa ou mes­mo no gráfico, tornando-nos aptos a compreender, interpretar e analisar a realidade que os cerca e o mundo em sua complexidade.
A divisão regional mais tradicional de todas e a primeira natural do mundo é a divisão por continen­tes: Améri­cas, Europa, Ásia, África e Oceania. Baseada em fatores naturais, apresenta a divisão entre terras emersas (continentais e ilhas), os oceanos e mares.
O mapa que fizemos no capítulo 1 (Relações entre espaço geográfico e globalização), apresentando o sentido dos fluxos de países e regiões mais dinâmicos economicamente (ou seja, onde as coisas que usamos são produzidas) é um exemplo de regionalização, a partir desses fluxos econômicos.
Quando pensamos nos países ou nas regiões mais desenvolvidos, com empresas mais poderosas lembramos dos Esta­dos Unidos, Canadá, Japão, Europa ou países da Europa Ocidental, ou ainda a Austrália. Temos uma visão que esses países e continentes são referências em tecnologia avançada, em riqueza da economia e das pessoas. O mundo contemporâ­neo é muito influenciado pelos países com econo­mia mais dinâmica, os países mais desenvolvidos (aqueles que regis­tram o maior número de empresas e marcas que consumimos). Essas relações entre os diferentes países e/ou continentes do mundo se estabeleceram através da tecnologia, em especial as de transporte e comunicações e até a proximidade pode ser um fator. Nossos hábitos, modos de vida, esporte, itens de consumo (vestuário, automóveis, eletrodomésticos), além dos produtos da indústria cultural e de entretenimento (principalmente música e cinema) têm uma grande influência dos Estados Unidos. Afinal, estamos inseridos na sociedade de consumo e os apelos publicitários são muito eficazes.

Principais processos de integração regional, 2007
Os processos de integração regional representados no mapa “Principais processos de integração regional, 2007”, na página 18 do caderno do aluno, são a expressão de uma nova ordem que é multipolar. Alguns blocos estão polarizando forças econômicas e políticas, interferindo inclusive na ordem geopolítica, que envolve a força militar dos países e blocos. O mundo contemporâneo é muito influenciado por países com economias mais dinâmicas.
O bloco americano (NAFTA – Acordo de Livre Comércio da América do Norte) tem o dólar como referência monetária e está sob a lide­rança dos Estados Unidos. Eles exercem incontestável influência regional, mas, acima de tudo, sua influência se dá na escala global.
O segundo bloco é o europeu (UE – União Européia), cuja referên­cia monetária é o euro, sob comando dos países que compõem a União Européia e com área de influência abrangendo o norte da África e par­te do Oriente Médio. Esse bloco também exer­ce poderosa influência na escala global.
Finalmente, temos o Bloco da Ásia ou do Pacífico (ASEAN). A referência monetária ainda é o iene (moeda japonesa) e a área de projeção econômica compreende o chamado Cinturão do Pacífico (China, Austrália e Nova Zelândia). Neste bloco, a influência dos Es­tados Unidos é, também, muito significativa.
Essa atual configuração encontrada já está mudan­do, o que demonstra a mudança constante das regionalizações. A China, por exemplo, com seu dinamismo econômico, destaca-se no blo­co do Pacífico, colocando em cheque a lide­rança do Japão na região.
Mas, não somente entre os blocos, o poder das influências se altera. Entre blocos e regiões, novos laços se estabelecem. O Brasil, por exemplo, tem procurado, estrategica­mente, incrementar o intercâmbio comercial com a China, fazendo acordos comerciais com esse país, e com isso diminuir sua de­pendência (e do restante da América do Sul) com os EUA. O Brasil já é o principal par­ceiro comercial da China na América Latina. Empresas brasileiras têm ampliado seus ne­gócios naquele país, exportando, por exem­plo, as turbinas geradoras para a hidrelétrica de Três Gargantas. A cooperação estende-se para o setor aeroespacial, com o desenvolvi­mento conjunto de satélites para meteorolo­gia e telecomunicações.
O mapa “A bipolaridade e a ordem westfaliana, 1950-1980” na página 20 do caderno do aluno, representa e exemplifica uma regionalização de acordo com os sistemas econômicos vigentes na maior parte do século XX, isto é, o grupo de países capitalistas (sob a liderança dos Estados Unidos) e o grupo de países socialistas (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Depois de um período de crescimento econômico, marcado por intensa industrializa­ção do país e posteriormente pela corrida es­pacial estabelecida entre EUA e URSS, a eco­nomia da URSS perdeu terreno para os países capitalistas desenvolvidos e, pela primeira vez, em 1985, o PIB do Japão supe­rou o soviético. Além disso, a URSS acumulou um atraso em relação ao desenvolvimento tecnológico em setores importantes, como o das telecomunicações e da informática (o chamado segmento das TICs – tecnologias de informação e comunicação), um dos fatores responsáveis pela desintegração do império soviético. Para enfrentar a crise econômica, a União Soviética passou a investir menos em armamentos e am­pliar as aplicações na agricultura e na indús­tria de bens de consumo. Ao mesmo tempo, passou a desenvolver uma política de reaproximação com os Estados Unidos. Esta abertura estendeu-se aos países socia­listas que estavam sob a esfera de dominação da URSS, em especial no Leste Europeu. Dois acontecimentos marcam emblematicamente este período:
1. A queda do Muro de Berlim, em 1989 (sím­bolo do fim da Guerra Fria) e a reunifica­ção da Alemanha, dividida em capitalista e socialista, ao término da segunda Guer­ra Mundial. O Muro de Berlim dividia a cidade em duas partes - Berlim Oriental (socialista) e Ocidental, (capitalista);
2. A independência de várias das repúblicas que compunham a URSS. Em 1991, dez repúblicas das quinze anteriores que compunham a URSS fundaram a CEI - Comunidade de Estados Independentes: Armênia, Belarus, Casaquistão, Federação Russa, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão. Em 1993, mais duas repúblicas ingressaram na CEI: Geórgia e Azerbaijão. Ficaram de fora a Estônia, a Letônia e a Lituânia, que se incorporaram à União Européia. Assim a URSS deixou de existir, e pode-se dizer que a Guerra Fria chegou ao fim, rompendo o poder bipolar dividido entre EUA e URSS.
Começa um novo período, após a crise e a dissolução da URSS, uma NovaOrdem Mundial, com um mundo multipolarizado, como observamos no mapa “Principais processos de integração regional, 2007”, na página 18 do caderno do aluno, que representa um mundo dividido entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos ou um mundo subordinado ao sistema capitalista, e com a hegemonia dos Estados Uni­dos e das grandes corporações internacionais. A contraposição desenvolvimento/subde­senvolvimento, em escala mundial, corresponde a um processo histórico, de interdependência entre países e marcado por relações comerciais (de troca) desiguais, que produzem estruturas econômicas, sociais e espaciais diferenciadas. Trata-se também de uma forma de dividir o mundo, resultante da posição ocupada pelas regiões no interior do sistema mundial e em cada momento histórico.
Para entendermos essa condição de desigualdade, o comércio mundial de mercadorias indica três pólos dominantes: América do Norte; União Européia e; Ásia e Oceania, enquanto o restante do planeta fica numa condição periférica, numa condição de maior fragilidade, formando um comércio tripolar, como observamos no mapa “Comércio mundial de mercadorias, 2006” na página 21, do caderno do aluno. A condição marginal na participação na troca mundial de mercadorias de certas áreas do planeta (América do Sul e Central, África e partes da Ásia) corresponde a uma indicação, entre outras possíveis, da condição de subdesenvolvimento (ou de atraso econômico) de alguns países, o que corresponde a uma possível visão de uma divisão do mundo entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Essa condição, à margem dos grandes fluxos comerciais do mundo, não significa que os países da “periferia” não se relacionam com os dos “centros”. Eles se relacionam, mas são relações marcadas por várias desigualdades e desvantagens no valor econômico das transações e no poder de decisões. Os quadros “O que os países periféricos recebem dos países centrais” apresentam as relações entre o “centro” e a “periferia”, na página 23 do caderno do aluno, e esquematizam as relações que estão se transformando, mas que foram marcadas ao longo das últimas décadas pelas características apresentadas. Ainda é possível enxergar nesse mundo, agora multipolar, um centro e uma periferia, com a existência de desigualdades.

4. Os principais blocos econômicos supranacionais
           
            Vamos comparar os blocos econômicos supranacionais, para compreender as conseqüências de seu funcionamento na escala regional e mundial, os impactos sobre os países membros, as estratégias de agrupamento como parte do processo de integração econômica na escala mundial e a concorrência entre empresas e nações. Os blocos econômicos são uma possibilidade para a afirmação econômica e política dos países envolvidos.

A formação dos blocos supranacionais
            Quais os motivos que levaram esses países a se unir e não agir solitariamente no mercado internacional? Vamos estudar a respeito da área de abrangência dos diversos blocos econômicos supranacionais, a compreensão dos impactos territoriais e as conseqüências para os países membros e para os demais.
Ao interpretarem esses blocos, vocês irão aprender que essas localizações não são dados meramente pontuais, mas que têm, de fato, um significado estratégico e político.
Um bloco econômico é uma associação de países com vistas a defender interesses comuns na área do comércio ou mesmo de outros envolvimentos de caráter econômico e político. A intensificação das relações econômicas, na escala mundial, estimulou os países a se agru­parem para fazer frente à nova configuração econômica após o fim da Guerra Fria. Países que fazem parte de um bloco disputam a he­gemonia em função da concorrência comercial por meio de isenção de tarifas alfandegárias, ou mesmo a partir de uniões mais amplas.
São vários os modos de organização dos blocos supranacionais, a começar que alguns são uniões mais profundas, e outros mais par­ciais. Alguns exemplos:
1. Áreas de livre co­mércio (ALCA e Nafta);
2. União aduaneira (MERCOSUL);
3. Mercado comum (União Eu­ropéia).
Alguns blocos se organizaram já há algum tempo, buscando uma maior integração, como é o caso da União Européia, enquanto outros desenvolveram integrações de caráter apenas comercial, como o Nafta, e outros ainda alme­jam ampliações de caráter aduaneiro, como o MERCOSUL. Portanto, esses blocos apresentam distinções técnicas importantes.
O mercado comum apresenta um processo de integração, que leva em consideração a livre circulação de mercadorias, pessoas, capitais e moeda. Além disso, promove a formação de órgãos integrados em diferentes níveis, como o Parlamento Comum e Banco Central Comum e almejam ainda uma política militar comum.
A União aduaneira, como é o caso do MERCOSUL, abrange uma área de livre comércio e uma união aduaneira, ou seja, as tarifas de importação para países fora do bloco devem ser combinadas e aceitas por todos seus mem­bros. Neste sentido, o MERCOSUL apresenta for­mas de integração um pouco mais sofisticadas do que o Nafta.
A área de livre comércio apenas estabele­ce a isenção total de tarifas para mercadorias produzidas e comercializadas entre os seus membros. Este é o caso do Nafta e do bloco da Bacia do Pacífico (Apec). Neste caso, cada país estabelece o imposto de importação para os produtos dos países não-signatários (não participante) do acordo, e apresentam moeda própria. Com relação às áreas de livre comércio, a Organiza­ção Mundial do Comércio (OMC) define que uma região desse tipo só se constitui como tal quando 85% ou mais do comércio é livre.




TEXTO PARA 6ª SÉRIE ENSINO FUNDAMENTAL.



TEXTO PARA 6ª SÉRIE  ENSINO FUNDAMENTAL.

1. Fronteiras da República Federativa do Brasil (uso do vídeo)

Profa. Mario – Geografia – 6ª. série

Vamos iniciar nossos estudos a partir das fronteiras e limites do território brasileiro, tendo em vista o ordenamento jurídico administrativo da República Federativa do Brasil. Como exemplo, vamos interpretar o mapa político do país, assim como de outros mapas em diferentes escalas, tornando possível situar a unidade escolar no município, na região administrativa e no Estado de São Paulo.
A República Federativa do Brasil é organizada em três níveis de poder: o municipal, o estadual e o federal. Assim, para estudar o território brasileiro é preciso considerar mapas em diferentes escalas, do território do município ao território da nação.
O mapa na página 3 do caderno do aluno apresenta a divisão política do Brasil. O Brasil é um país, uma nação e está no âmbito federal. Quando algo se refere como federal, devemos entender que é no sentido do país. Por exemplo, quando vemos uma informação que tal obra é realização do Governo Federal, é algo que o presidente do país determinou, tem uma abrangência maior.
O país está dividido em vários “pedaços” que chamamos de Estado. Como exemplo, temos Roraima, São Paulo, Minas Gerais.  Os estados são administrados pelos governadores. No “Mapa da divisão municipal do Estado de São Paulo”, na página 4 do caderno do aluno, observamos o Estado de São Paulo dividido em vários “pedaços”: os municípios ou cidades. Os municípios (cidades) são administrados pelos prefeitos. Como exemplo mais próximo temos Osasco, Cotia, Guarulhos, São Paulo, Santo André. Tente localizar a cidade de São Paulo no mapa da página 4.
Para enriquecer nosso entendimento, vamos analisar o exemplo da família de um menino que vive no município de Araruama, no estado do Rio de Janeiro. O vídeo “Araruama, o espelho das águas” apresenta aspectos históricos, econômicos e políticos da formação do município de Araruama, com base em situações da vida cotidiana.
            A Região dos Lagos, localizada no Estado do Rio de Janeiro, historicamente foi uma região ocupada para a produção de sal. Aos poucos, as salinas foram sendo substituídas por loteamento para a exploração turística, principalmente de segunda residência (casas de veraneio). No litoral do Estado do Rio de Janeiro, há várias formações lagunares (lagoas), principalmente na região conhecida como Região dos Lagos. Dentre elas, a Lagoa de Araruama banha seis municípios do Estado do Rio de Janeiro: Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo. A Lagoa estabelece o limite administrativo entre vários municípios fluminenses, mas não divide esses municípios. Pelo contrário, os unifica em uma mesma fronteira: a do turismo litorâneo. Apenas uma parte da lagoa de Araruama pertence ao município de Araruama, que faz limite com outros municípios cariocas, como Cabo Frio. Ainda que todos esses municípios façam parte de uma mesma realidade, por estar localizados em uma região, a da Lagoa de Araruama, com intensa exploração turística, existe limites entre os diferentes municípios.
No Brasil, os estados de maior extensão territorial são aqueles que se formaram mais tarde e que ofereciam alguma dificuldade de acesso aos exploradores, como Amazonas, Pará e Mato Grosso. O mesmo acontece com os estados de maior extensão territorial de terras indígenas: Amazonas, Pará, Roraima e Rondônia. Já as maiores concentrações populacionais estão nos estados localizados na faixa litorânea (onde começou o povoamento).

2. Fronteiras permeáveis

            No estudo do território brasileiro, vamos aprofundar o estudo das fronteiras nacionais. Diferentemente da idéia de limite, o termo fronteira é mais amplo e pode ser compreendido como a margem do mundo conhecido e habitado. Neste caso, a idéia de fronteira como frente pioneira ou área de expansão em direção a territórios “vazios” ou “a conquistar” sempre foi muito forte no caso brasileiro. Contudo, a emergência dos Estados nacionais no século XVIII e processos de demarcação de terras coloniais, como ocorreu com Portugal, na América, associaram fronteira à linha de divisa entre Estados vizinhos. Ou seja, a palavra limite tem sua origem no fim daquilo que mantém coesa uma unidade político-territorial. Assim, limite é uma linha de separação abstrata, porém definida juridicamente (fator de separação), enquanto fronteira configura uma zona de contato (fator de integração).

Leitura e comparação de mapas da zona de fronteira do Brasil com seus países vizinhos
Vamos estudar a situação do Brasil na zona de fronteira com seus países vizinhos (zona de fronteira internacional), a partir de exemplos de cidades gêmeas, contíguas territorialmente com outras cidades de países vizinhos. No caso do Brasil, há inúmeras cidades na zona de fronteira, inclusive 123 delas consideradas cidades-gêmeas.
No mapa “Zona de Fronteira – Cidades e Vilas”, na página 10 do caderno do aluno, observe a faixa laranja, que apresenta a zona de fronteira. Observe os outros países.
Os únicos países sul-americanos que não possuem fronteira com o Brasil são o Chile e Equador. No caso do Chile, o contato por terra com o Brasil se estabeleceu por meio da Argentina, tendo a cidade de Mendonza como ponto de apoio para a travessia da Cordilheira dos Andes; se observarmos o mapa, podemos atravessar o Paraguai ou a Bolívia. O Equador pode ser acessado através do Peru e da Colômbia. Bolívia é a fronteira mais permeável e extensa, com inúmeras interações. No sentido do sul para o norte, observam-se grandes cidades como Corumbá, Cáceres, Vilhena e Rio Branco, localizadas na faixa de fronteira. Há uma rodovia que liga Corumbá a Santa Cruz de la Sierra. Mais ao norte, podemos observar várias cidades-gêmeas, como Brasiléia (Acre) e Guajará-Mirim (Rondônia). O estado brasileiro que possui uma ocupação mais densa na zona de fronteira é o Paraná. Fazendo divisa com o Paraguai e a Argentina, possui inúmeras cidades na zona de fronteira e um intenso comércio com os países vizinhos.

Análise das interações econômicas em zona de fronteira
Um exemplo de cidade-gêmea e as interações existentes em sua zona de fronteira é o de Guajará-Mirim, Rondônia. Ela está separada de sua cidade-gêmea boliviana Guayaramerín apenas pelas águas do rio Mamoré, como mostra a foto de satélite “Guajará-Mirim e Guayaramerín” na página 11. É possível avistar pessoas que vivem na outra cidade, na margem oposta. Apesar de essas pessoas viverem em países diferentes, elas podem fazer parte de várias interações. Do Brasil para a Bolívia circulam produtos alimentícios, calçados e eletrodomésticos. Da Bolívia para cá circulam madeira, borracha, gado bovino e castanha. As capitais Porto Velho (Rondônia) e Rio Branco (Acre) mantêm relações econômicas com a Bolívia através de Guajará-Mirim. São comercializados, principalmente, combustível e gêneros alimentícios, por via terrestre.
Outro exemplo é o caso de Tabatinga (Brasil) e Letícia (Colômbia). Diferente de Guajará-Mirim, para o viajante cruzar a fronteira internacional entre Tabatinga e Letícia não precisa atravessar um rio. Basta atravessar ou ir em frente por uma das avenidas da cidade brasileira e o visitante já se encontra em outro país, como podemos observar na foto de satélite “Tabatinga e Letícia”, na página 13. Essa é a situação cotidiana de milhares de brasileiros que vivem na fronteira. O Brasil estabelece interações econômicas com o mundo por meio de Tabatinga. Além do intercâmbio que se estabelece com a Colômbia e o Peru, por essa zona fronteiriça o Brasil conecta essa região com outros países, como os Estados Unidos e a China. Os produtos industrializados provenientes da China e Estados Unidos chegam nessa zona de fronteira através do transporte marítimo, desembarcados no porto de Manaus. De Manaus, essas mercadorias seguem para Tabatinga por via fluvial e de lá são distribuídas para o interior da Colômbia e do Peru. Em Tabatinga comercializam-se produtos alimentícios, material de construção e pescado. Em Letícia, os brasileiros compram gasolina, autopeças, cigarros e produtos eletroeletrônicos.

3. Estudo da formação territorial do Brasil por meio de mapas

Como se consolidou a formação territorial do país? Vamos analisar as ações políticas e territoriais, responsáveis pela consolidação histórica de nossas fronteiras e que culminaram em um país de dimensões continentais.
Os mapas mais antigos do Brasil revelam a forma de ocupação do território durante os primeiros séculos de dominação portuguesa: o interior da Colônia, ainda desconhecido, “enfeitado” com ilustrações indígenas, plantas e animais “exóticos”, e o litoral, que estava sendo explorado, ocupado e nomeado. Durante muito tempo, as atividades econômicas mais importantes do Brasil colonial – responsável pela produção de mercadorias extrativas e agrícolas para comercialização nos mercados europeus – permaneceram nas proximidades do mar e dos portos marítimos.
Os mapas da América Portuguesa do século XVIII revelam uma mudança muito importante: as cartas náuticas foram substituídas pelas cartas topográficas e passaram a ser valorizadas como recurso fundamental para localizar as riquezas encontradas no interior da Colônia. As cartas topográficas transformaram os conhecimentos da Cartografia em importantes instrumentos para o registro das informações obtidas do território na ocupação do interior do continente. Esse detalhamento dos mapas das terras brasileiras foi um recurso técnico fundamental para o sucesso das negociações diplomáticas que garantiram a posse portuguesa do atual Rio Grande do Sul e uma parcela considerável da Bacia Amazônica, conforme ficou estabelecido no Tratado de Madri (1750).

Introdução à comparação de cartas seiscentistas
A configuração do território mudou ao longo do tempo, por isso é importante estudar os mapas históricos para compreender como ocorreu esse processo.
Os mapas mais antigos do Brasil e da América do Sul revelam a forma de ocupação do território pela Coroa Portuguesa durante as primeiras décadas da colonização. Observe o “Planisfério de Ptolomeu, 1486”, nas páginas 20 e 21 do caderno do aluno. Cláudio Ptolomeu viveu no século II e era geógrafo, astrônomo e matemático alexandrino. Ele escreveu duas grandes obras: “Composição matemática, estudo sobre Astronomia” e “Geografia, um manual com instruções para a elaboração de mapas e uso de projeções”. A obra de Ptolomeu foi conservada pelos árabes e introduzida no ocidente durante a Idade Média. Mantida nas bibliotecas européias, seus mapas representam a visão que os europeus tinham do mundo pouco antes das grandes navegações, com base nos conhecimentos acumulados desde a Grécia antiga e era a principal fonte de consulta para o estudo do mundo conhecido antes das grandes navegações. Essa edição se encontra na Biblioteca Nacional.
            Os continentes conhecidos pelos europeus eram Europa, Ásia e África. As ornamentações da moldura do mapa eram pessoas soprando o vento (deuses do vento). Essas figuras, desenhadas na decoração do mapa, estão associadas com o uso das cartas nas navegações (eles usavam as direções dos ventos e das marés para orientação). Para os europeus daquela época, não existia a América.
            O segundo mapa da série, o “Planisfério de Wytfliet (detalhe), 1597”, na página 22 do caderno do aluno, é considerado o primeiro atlas americano, rico em detalhes, principalmente ao se considerar o traçado de alguns rios. Seu autor foi um belga que simplesmente inseriu na base cartográfica de Ptolomeu as terras recentemente descobertas. Os elementos geográficos da América do Sul utilizados na representação desse mapa eram rios e montanhas e as duas principais bacias hidrográficas representadas no mapa eram a Bacia Amazônica e a Bacia do Prata.

Preparação da leitura e comparação de cartas seiscentistas
Os mapas seiscentistas apresentam um rico detalhamento de informações sobre o litoral brasileiro.
Se observar um mapa do relevo brasileiro atual, preste atenção nas bacias hidrográficas: percorra o curso d’água do rio Amazonas e depois do rio Paraná, desde a nascente até a foz. Faça o mesmo procedimento para reconhecer o trajeto percorrido por outros rios brasileiros, como o São Francisco, o Araguaia e o Tocantins. Esses três últimos rios correm no sentido sul-norte (representados cartograficamente, na folha de papel, como se fosse um traçado “de baixo para cima”). Nem “tudo que está em cima desce”. O mapa é apenas uma representação e, portanto, vocês devem considerar o traçado em solo.
Para finalizar essa leitura exploratória, vamos estudar o “Planisfério de Cantino,1502”, nas páginas 24 e 25, e o mapa “Terra Brasilis”, de Lopo Homem nas páginas 26 e 27: as desembocaduras dos rios das principais bacias hidrográficas eram referências para a navegação costeira no novo continente. As informações mais precisas que os portugueses possuíam das novas terras, em 1502, conforme registro no “Planisfério de Cantino” é o traço da linha de Tordesilhas, que dividia as possessões das novas terras e as que porventura fossem descobertas pela Espanha e Portugal. Do novo continente, já estão traçados, dentro da precisão da época, o perfil atlântico do Brasil e, de forma bem detalhada, as ilhas do Caribe. Trata-se de uma carta náutica, na qual é possível observar o traço da direção dos ventos em toda a superfície representada. Já em 1519, em “Terra Brasilis”, de Lopo Homem também há os rumos dos ventos, mas o detalhamento das informações da costa brasileira é muito maior, inclusive com a indicação dos nomes de inúmeras localidades. As ilustrações ornamentais desses dois mapas, tecnicamente chamadas iluminuras, complementam as informações mais precisas do mapa com uma série de aspectos pitorescos como naus, caravelas, cidades, homens e animais, desenhados de maneira figurativa. Os pontos extremos do avanço português, tanto para o Norte como para o Sul foram a foz do Amazonas (Norte) e a foz da Bacia do Prata (Sul).
A interpretação dos mapas é uma habilidade muito importante para a compreensão da Geografia: é a transposição de um conhecimento expresso em uma linguagem para outra.

Leitura comparativa de cartas dos séculos XVII e XVIII: a ocupação do interior
O acervo documental dos séculos XVII e XVIII é bastante rico em detalhes em função da forte expansão dos portugueses em direção ao interior da América. Alguns traços comuns nas narrativas são as situações que ocorreram no litoral, envolvendo embarcações ou o contato com indígenas. As cartas e diários, como fonte de registros históricos, são importantes porque não havia outra forma de comunicação naquela época. Hoje, as formas de comunicação do mundo atual (internet, rádio, televisão) facilitam a disseminação de novas idéias e notícias.
Além dos mapas, muitas bibliotecas, arquivos e museus do Brasil e de Portugal possuem documentos como cartas e diários de bordo, importantíssimos para o estudo da História e Geografia de nosso país. Este é o caso do material existente no Arquivo Nacional que, a exemplo da Biblioteca Nacional, possui um site muito interessante – um exemplo das novas formas de comunicação e de divulgação das informações no mundo contemporâneo.
A carta “Contato entre brancos e índios”, nas páginas 29 e 30 no caderno do aluno, foi extraída desse site e retrata as condições sob as quais os portugueses viviam nas localidades distantes do litoral. Os personagens envolvidos na situação são padres, bandeirantes e índios. O autor da carta escreve para seus superiores a respeito do receio de um padre de viajar por alguns caminhos onde vivem índios hostis aos portugueses. Segundo relato do padre, quando houve a tentativa de aproximação, os desbravadores foram atacados pelos índios, o que exigiu o uso de armas de fogo. A ocupação portuguesa no interior da América não foi pacífica. O fato ocorreu nas proximidades de Cuiabá, em 1820.

Leitura comparativa de mapas dos séculos XVII e XVIII: demarcações a serviço da diplomacia
            Se compararmos mapas do século XVII com o mapa das entradas e bandeiras (séculos XVII e XVIII), identificamos alguns elementos geográficos comuns: os rios conhecidos eram os da Bacia do Prata e da Bacia Amazônica. A zona de contato entre essas duas bacias era a região do Pantanal, indicada nos mapas como um grande lago no interior do Brasil. A maioria dos lugares identificados (com nome) está localizada no litoral. Os portugueses conheciam, do território paulista, seguindo o traçado dos rios Paraná e Paranapanema, algumas cidades e povoados criados no litoral paulista, como Itanhaém e São Vicente. As ruínas de missões jesuíticas, nos atuais territórios do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, estavam localizadas ao sul da capitania de São Vicente. Nessas regiões, jesuítas espanhóis haviam ensaiado fixar o índio à terra, por meio da catequese. Vila Rica, por exemplo, possuía 45 mil habitantes, quando foi invadida e destruída pelo bandeirante Raposo Tavares, em 1628. Os mapas eram importantes para a consolidação das posses portuguesas e indicavam os principais caminhos adotados na exploração do interior do continente.
Uma idéia importante para o desenvolvimento do conceito de território é a diferenciação entre fronteira e limite:
- Fronteira é mais amplo e pode ser compreendido como a margem do mundo conhecido ou habitado. Neste caso, a idéia de fronteira como frente pioneira ou área de expansão em direção a territórios “vazios” ou “a conquistar” sempre foi muito forte no caso brasileiro. Contudo, a emergência dos estados nacionais no século XVIII e processos de demarcação de terras coloniais como ocorreu com Portugal na América associaram fronteira à linha de divisa entre estados vizinhos; configura uma zona de contato (fator de integração).
- Limite tem sua origem no fim daquilo que mantém coesa uma unidade político-territorial; é uma linha de separação abstrata, porém definida juridicamente (fator de separação).
As diferenças entre fronteira e limite são essenciais, uma vez que a primeira é orientada para fora (forças centrífugas) e a segunda para dentro (forças centrípetas).
Observando os mapas utilizados para a demarcação dos limites territoriais do Brasil, no século XVIII, identificamos o que estava em discussão entre Portugal e Espanha: a definição do traçado de linha divisória. Esses mapas indicavam inúmeros acidentes geográficos, necessários como pontos de referência da documentação diplomática (amigável). Os rios ou as cadeias montanhosas foram utilizados para a demarcação dos limites territoriais do país.
Contudo, a emergência dos estados nacionais no século XVIII e processos de demarcação de terras coloniais como ocorreu com Portugal na América associaram fronteira à linha de divisa entre estados vizinhos.

4. Estudo da formação territorial do Brasil por meio da literatura: o contexto cultural

A narrativa proporciona aos leitores uma viagem imaginária para o interior do mundo relatado. É uma espécie de mapeamento da experiência cotidiana vivenciada por alguém, em algum lugar. Enredo, personagens, tempo, lugar, foco são alguns dos elementos profundamente interligados numa narrativa que se complementa no todo da história. Vamos explorar esse universo literário para a ampliação do nosso horizonte geográfico por meio da diversificação de linguagens.

Leitura e comparação de mapas do Rio Grande do Sul do século XVIIIl
Um exemplo de dimensão cultural das fronteiras políticas é o Rio Grande do Sul. Seu território é resultado da história ocorrida a partir da destruição das missões jesuíticas por tropas portuguesas e o tenso contato com as comunidades indígenas e a América espanhola em seus arredores. O contexto regional, no qual estavam inseridos os gaúchos no século XVIII, justifica a condição de isolamento da fronteira gaúcha, distante milhares de quilômetros das outras cidades e de povoados portugueses, numa zona de fronteira politicamente instável, como observamos nos mapas “Rio Grande do Sul: primeira metade do século XVIII” e “Rio Grande do Sul: campanha gaúcha do século XIX” nas páginas 34 e 35 no caderno do aluno. Por exemplo, os empreendimentos portugueses naquela época eram a construção de fortificações e a fundação de povoados como Rio Grande de São Pedro (Porto Alegre).
Observando esses mapas citados, percebemos que a ocupação portuguesa ocorre do litoral para o interior. A Vila do Rio Grande de São Pedro, que dá origem a Porto Alegre, era o povoado mais antigo, além de algumas fortificações. No final do século XIX, vários povoados já existiam nas proximidades do Rio Uruguai, como São Borja, aproximando os limites territoriais gaúchos da atual forma do Rio Grande do Sul.

Leitura comparativa de textos de obras romanescas gaúchas
            Segundo o Atlas de representações literárias do IBGE, não faltam exemplos de boas narrativas do povo da fronteira no Rio Grande do Sul. A condição de fronteira conquistada e o forte sentimento de pertencimento do povo gaúcho marcaram profundamente a Geografia, a História e a literatura do Estado.
Vamos “mergulhar” no universo cultural da fronteira, lendo um fragmento dos “Contos Gauchescos” de Simões Lopes Neto, na página 37, no primeiro quadro, do caderno do aluno e de um outro do romance, “Um quarto de légua em quadro”, de Luiz Antônio de Assis Brasil, na página 38. Coloque-se no lugar dos personagens ou do narrador da história. Que sentimentos a narrativa desperta? Medo? Curiosidade perante o desconhecido?

Leitura comparativa de textos de obras romanescas gaúchas: o ambiente do Sul do país
Para aprofundar o conhecimento do universo imaginário da fronteira, a sugestão é o contato com a obra de Érico Veríssimo, especialmente “O tempo e o vento”. Trata-se de uma trilogia dividida em “O continente”, “O retrato” e “O arquipélago”, com uma abrangência histórica de duzentos anos. No trecho selecionado abaixo, o autor narra a relação do tempo com o lugar explorando a ligação entre a formação do território e o enredo:
               

“Uma geração vai, e outra geração vem; porém a terra para sempre permanece. E nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar donde nasceu. O Vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte continuamente vai girando o vento, e volta fazendo circuitos”
VERÍSSIMO, Erico. O tempo e o vento: o Continente. Volume I.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p.32. © Herdeiros de Erico Veríssimo.



            Outro trecho está na página 37, no primeiro quadro, do caderno do aluno.
            Como a obra literária pode ser compreendida como resultado de uma busca incessante de uma linguagem que dê conta de expressar a realidade para as pessoas nela inseridas? A apreciação da manifestação artística também é de interesse da Geografia, pois amplia a nossa capacidade de percepção do mundo. Além de inferir aspectos da ambientação do lugar, temos a oportunidade de expressar adequadamente nossas idéias e respeitar as idéias dos outros.

TEXTO 5ª SÉRIE FUNDAMENTAL.


Texto 5ª Série funtamental

1. Leitura de paisagens
Profa. Mario – Geografia – 5a. série

Paisagem é um conceito central para a Geografia, mas também faz parte do senso comum.
A paisagem pode receber vários significados, mas na ciência geográfica é definida como um conjunto de estruturas naturais e sociais de um determinado lugar no qual desenvolvem uma intensa interatividade entre os elementos naturais, entre as relações humanas e desses com a natureza.
Geograficamente, a paisagem é tudo aquilo que podemos perceber por meio de nossos sentidos (audição, visão, olfato e tato), mas o que mais destaca é a visualização da paisagem.
Costuma-se considerar como paisagem somente os elementos naturais, tais como montanhas, rios, mares, florestas entre outros. Entretanto, paisagem também abrange as construções humanas como pontes, ruas, edifícios, além das relações humanas como feiras e jogos de futebol (há uma variação das paisagens, pois se trata de uma composição momentânea).
Diante desse contexto, a paisagem se divide em paisagens naturais (lagos, oceanos, vales, florestas, montanhas, seres vivos) e as interações existentes. A variação de cada elemento determina a configuração de cada paisagem. Por exemplo, o clima quente e úmido produz florestas com uma grande quantidade de vidas, tanto da fauna como da flora. Em contrapartida nas zonas polares, onde o frio é intenso, não há o desenvolvimento de elevado número de vidas e nem diversidade.
As paisagens culturais correspondem a todos os elementos construídos pela ação antrópica (ação do homem), como pontes, portos, ferrovias, túneis e muito outros. Apesar da divisão entre paisagem natural e cultural, não existe nenhum lugar no planeta que não tenha sofrido interferências diretas ou indiretas do homem, até porque o que é produzido de poluição nas cidades se dispersa por todo o planeta. As paisagens culturais podem ser divididas em paisagem rural e paisagem urbana. A primeira é formada pela atividade agropecuária, como lavouras de uma infinidade de culturas, hortaliças, frutas, além da criação de bovinos (corte e leite), aves e suínos. Esses elementos fazem parte da realidade de propriedades rurais como fazenda, chácaras e sítios. A segunda é constituída por elementos urbanos como ruas, avenidas, praças, viadutos, prédios que se encontram habitados por pessoas que realizam suas atividades nesse espaço.
A paisagem é uma “acumulação desigual de tempos históricos”. As técnicas e o trabalho humano constroem e reconstroem a paisagem. Os tempos da natureza são responsáveis pela criação das formas naturais, e o tempo histórico são as medidas das intervenções humanas na superfície do planeta.
Objetos naturais são aqueles produzidos pela natureza, sem a intervenção humana; os objetos sociais são aqueles produzidos pelo homem.

A humanização das paisagens
            O processo intensivo de transformação de uma paisagem particular acontece por meio da implantação de um conjunto de novos objetos sociais que a transformam radicalmente: é a humanização das paisagens.

As paisagens na história: os sistemas técnicos
            Vamos acompanhar o processo de transformação de uma paisagem ao longo da história: a da cidade alemã de Essen, na página 8 do caderno do aluno.
 A cidade em 1829, com cerca de 10 mil habitantes, era pouco mais que um povoado rural rodeado de campos cultivados e bosques. Os campos cultivados que rodeavam Essen prosseguiam no interior do núcleo urbano, pontilhado por hortas e pomares e pela criação doméstica de bois, vacas, ovelhas, porcos e aves. A torre da igreja era destaque absoluto na paisagem.
Em 1867, a população ultrapassava 50 mil habitantes, um crescimento espantoso em menos de 40 anos. Aqui, é importante atentar para as mudanças que a industrialização imprimiu na paisagem: as chaminés e o trem carregado de carvão, por exemplo.
Na 3ª. imagem, as chaminés da cidade industrial desapareceram na Essen contemporânea. Essen é a sexta maior cidade da Alemanha, com cerca de 650 mil habitantes. A mancha urbana expandiu-se horizontalmente. A torre da primeira igreja é o único testemunho destacado do passado distante, mas ela praticamente se perde entre os edifícios de uma aglomeração, cuja economia é movida principalmente pelo comércio e os serviços.
O sistema de objetos técnicos (objetos sociais), que constituem uma paisagem, se transforma ao longo do tempo, acompanhando as mudanças da sociedade. Exemplos de objetos sociais: os campos de cultivo e o arado, o trem carregado de carvões e as fábricas, as grandes avenidas e os arranha-céus.

2. Paisagem e memória (direto no caderno do aluno)

3. As paisagens captadas pelos satélites

A Terra esférica foi definitivamente incorporada à cartografia no início da Idade Moderna. Há 500 anos, os planisférios representam os 360 graus de longitude e os 180 graus de latitude da esfera. Mas há apenas algumas décadas, com as naves espaciais, a humanidade tornou-se capaz de produzir fotografias da totalidade do planeta. Essas imagens trouxeram uma nova e poderosa visão da Terra. As imagens de satélite nos apresentam diversos aspectos como, por exemplo, a extensão da intervenção humana sobre a superfície da Terra, que acontece de maneira desigual.
Os pontos amarelos, na imagem “Planisfério: imagem noturna de satélite” nas páginas 22 e 23 do caderno do aluno, destacam as grandes concentrações urbanas e mostram a difusão (multiplicação) desigual da intervenção humana na superfície do planeta, explicando porque algumas áreas são mais densas do que outras.
O satélite é um corpo que gira, descrevendo uma órbita em torno de outro, devido fundamentalmente à força de atração (gravidade) exercida por este último. O satélite pode ser natural ou artificial. O natural é um planeta, um corpo celeste, que orbita (circula) um planeta ou outro corpo menor. Um exemplo de satélite natural é a Lua, que orbita a Terra. O satélite artificial é um engenho feito pelo homem, que é colocado por meio de foguetes em uma órbita elíptica, e tem como um dos focos, o centro da Terra. Um satélite emite ou retransmite um sinal para a(s) estação (estações) terrestre(s) de destino, que pode ser sinais televisivos e telefônicos, dados ou imagens.
Os primeiros satélites colocados em órbita foram o Sputnik I (04/10/1957) e o Sputnik II (03/11/1957), lançados pelos soviéticos e o Explorer I (31/01/1958), lançado pelos norte-americanos.


4. As paisagens da Terra (uso do vídeo)

            A superfície da Terra desvenda uma multiplicidade de paisagens singulares. As paisagens naturais resultam de uma combinação particular de elementos, como o relevo, os solos e as formações vegetais. As paisagens também revelam a intervenção das sociedades sobre a superfície terrestre. Vamos recuperar o conceito de paisagem: produto do trabalho social, isto é, do esforço coletivo e organizado de gerações que, por meio das técnicas disponíveis, instalam artefatos que servem a finalidades úteis. Como o sistema técnico não é uniforme e não se difunde de forma homogênea pela superfície da Terra, as paisagens são bastante diversificadas.