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sexta-feira, 25 de março de 2011

CARTOGRÁFIA NO COTIDIANO


1. Da realidade ao mapa
Quando falamos em produção cartográfica temos, inevitavelmente, de pensar
numa fonte de dados. É como uma lista de presença da sua sala: tem um
número total de alunos e cada pessoa tem um nome diferente. Se perguntássemos
a idade das pessoas ou o bairro onde moram, poderíamos formar vários
grupos. Os mapas também exigem essa coleta de informações. O que acontece
é que, devido às características do fenômeno que estamos mapeando, as informações
nem sempre são obtidas da mesma maneira. Por exemplo, se fôssemos
fazer um mapa com o número de habitantes que residem numa rua, bastaria que
batêssemos de porta em porta, perguntando quantas pessoas moram em cada
casa. Com isso teríamos o número total de habitantes e quantas pessoas habitam
a mesma residência. O IBGE já faz isso – chama-se censo demográfico –, mas
em vez de abranger apenas uma rua, envolve o país inteiro. Por outro lado,
poderíamos, em vez do número de habitantes, mapear o comprimento da rua,
ou mesmo o tamanho do terreno das casas. Isso também não seria difícil, bastaria
uma fita métrica ou um barbante e rapidamente teríamos estas dimensões.
No entanto, quando o nosso interesse refere-se à superfície terrestre, essa situação
torna-se pouco mais complicada. Isso acontece porque a Terra possui
forma arredondada e quando queremos desenhá-la, obrigatoriamente temos de
representá-la numa configuração plana. Esta transferência de uma forma para
outra exige que levemos em conta alguns princípios.
1.2. A ESCALA
Podemos dizer que a escala é a relação entre uma dimensão representada
no mapa e a dimensão real, na natureza. Na prática, ela tem a função de contar
quanto do espaço real foi diminuído para caber dentro do mapa. Ela é muito
importante para entendermos a dimensão de um determinado fenômeno ou
lugar em relação ao todo. Vamos imaginar que estamos num helicóptero, decolando
de uma praça. Conforme o helicóptero começa a subir verticalmente
em direção ao céu, a altitude vai aumentando e a praça parece diminuir de
tamanho. Ao mesmo tempo, vamos conseguindo ver o entorno da praça. Perceba
que existe uma relação entre a altitude, o tamanho dos objetos que vemos
e a porção do espaço que conseguimos captar. Os mapas pretendem captar
a mesma relação que obteríamos se estivéssemos sobrevoando o local observado.
Assim, quando o helicóptero sobe, os objetos diminuem e a escala diminui. Por outro lado,



quando o helicóptero desce, os objetos aumentam e a escala aumenta.
É a escala que permite ao mapa essa aproximação da realidade, num tamanho que caiba no papel, num globo ou na tela de um computador; ela possibilita, enfim, que o mapa seja manuseado sem perder precisão e qualidade. A escala de um mapa é expressa em
valores numéricos e pode ser apresentada de duas maneiras diferentes: numérica ou gráfica.
Sempre que possível deve acompanhar a representação, pois em caso de redução ou ampliação, ela serve de parâmetro para o cálculo.

Escala numérica
Quando observamos um mapa e verificamos que sua escala é expressa de
uma forma semelhante a esta: 1:12.500, 1:2.000.000 ou 1:15.500.000; dizemos
que o mapa possui uma escala numérica.
Na escala numérica, os valores são representados numa fração matemática
em que o numerador corresponde à realidade representada no mapa e o
denominador, à realidade no terreno que estamos representando. Dessa forma,
quando vemos 1:1.000 temos 1/1.000. Ou seja, uma unidade no mapa
corresponde a 1.000 unidades no terreno. Assim sendo, um centímetro no
mapa corresponde a 1.000 centímetros no terreno. Como cada metro possui
100 centímetros, dividindo-se 1.000 por 100, temos 10 metros no terreno.
Este método de apresentar a escala é interessante pois independe do sistema
de medidas que estamos trabalhando. Se estivéssemos trabalhando com um
mapa norte-americano, onde as unidades estão em polegadas, teríamos para
cada unidade no mapa 1.000 polegadas no terreno. Também devemos saber
que quanto maior o denominador da fração, ou seja, o número à direita, menor
será a escala. É possível constatar isso fazendo-se o seguinte cálculo:
1:100 = 1/100 = 0,01
1:500 = 1/500 = 0,002
Assim, 0,01 > 0,002. Portanto, a escala de 1:100 é maior que a escala 1:500.
Escala gráfica
Quando a escala é representada por um segmento de reta graduado, dizemos
que a escala é gráfica. Neste caso, as distâncias correspondentes no mapa
são representadas numa régua que contém os valores das distâncias na realidade.
Esta régua pode ser construída com duas partes distintas: uma primária,
onde os valores são apresentados inteiros; e uma fracionária, também chamada
de talão, onde o número inteiro é subdividido. Assim sendo, temos
Assim sendo, temos

interessante desta escala é a facilidade na medição das distâncias. Não
há a necessidade de se fazer os cálculos, pois a medida representada por cada
segmento corresponde diretamente à medida no mapa. Imagine que você pegasse
um pedaço de barbante e o colocasse sobre um mapa, acompanhando o
curso de um rio. Bastaria ver quantas vezes o barbante se repete na régua da
escala e você teria aproximadamente a extensão do rio.
Medindo a escala de um mapa
A melhor maneira de calcularmos as distâncias presentes num mapa é
pela regra de três. Imagine que você tenha que calcular a distância entre dois
pontos num mapa com escala 1:5.000.000. Usando uma régua, meça a distância
entre os dois pontos. Suponhamos que a distância tomada seja de 7,8
centímetros:
1 unidade no mapa = 5.000.000 de unidades no terreno
7,8 cm no mapa = x
Então, X = 7,8 x 5.000.000 = 39.000.000.
Como você mediu em centímetros, temos 39.000.000 cm. Se você for passar
esta medida para metros, basta dividir por 100, afinal um metro é igual a 100
centímetros. Com isso, teríamos 390.000 metros. Como sabemos que um quilômetro
é igual a 1.000 metros, concluímos que a distância é de 390 km.
A escala também poderia estar apresentada graficamente:
1 cm = 40 Km
Bastaria então transformar os quilômetros em centímetros:
1 km = 1.000 metros
40 km = 40.000 metros
Como em cada metro temos 100 centímetros, teríamos:
40.000 x 100 = 4.000.000
Atividades
01. (UFPE) Observe:
1. Cartografia é a arte de representação gráfica da superfície da Terra, em
parte, ou no seu todo, de acordo com a escala.
2. A representação de uma superfície esférica num plano (a exemplo do
mapa) traz forçosamente deformações que podem ser de distâncias, de áreas e
de ângulos.
3. Nos mapa de grandes escalas, as deformações são muito sensíveis, enquanto
nas cartas de pequenas escalas as deformações se tornam cada vez
menos importantes.
4. As curvas de nível são linhas imaginárias que ligam os pontos situados
na superfície da terra a igual altitude.
5. Em toda elevação as cotas das curvas de nível diminuem para o centro,
segundo uma proporção constante.
Estão corretos apenas os itens:
a) 1, 2 e 3
b) 2, 3 e 4
c) 1, 2 e 4
d) 3, 4 e 5
e) 2, 3 e 5
02. (Cesgranrio-RJ) Considere dois mapas do Brasil, sendo que o mapa A
está na escala 1:10.000.000 e o mapa B, na escala 1:50.000.000.
Assinale a alternativa correta
2. AS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
Mais do que qualquer outro tipo de mapa, o globo é a representação que
mais se assemelha à forma da Terra. Ele só não constitui uma representação
idêntica pois a Terra não é uma esfera perfeita – possui uma forma irregular à
qual damos o nome de geóide. No entanto, o globo oferece uma vantagem
por permitir que representemos a superfície do planeta sem distorções.
Embora os globos
representem os melhores
mapas-múndi para diversas
finalidades, eles apresentam
algumas desvantagens.
Uma delas é que
apenas cerca de metade
da superfície terrestre
pode ser vista de cada
vez. A outra é que, para
ser manuseável, o globo é pequeno demais para dar informações suficientes
sobre qualquer país ou região.
Para facilitar este trabalho de leitura, o homem foi ao longo de sua história
desenvolvendo técnicas que permitissem representar a superfície num formato
plano, pois nessa forma a leitura do mapa é facilitada e a representação não
necessita de um objeto esférico para ser confeccionada.
Os cartógrafos solucionaram este problema projetando a superfície do globo
sobre formas geométricas diferenciadas, dando origem ao que hoje chamamos
de projeções cartográficas. Matematicamente, esse processo significa
transferir as coordenadas esféricas da terra para um plano correspondente.
Acontece que é impossível transferirmos um desenho de forma arredondada
para uma forma plana sem que ocorram distorções. Isso fez com que as
projeções fossem classificadas não só de acordo com a figura geométrica de
referência, como também o tipo de deformação.
2.1. TIPOS DE PROJEÇÃO SEGUNDO A SUA
DEFORMAÇÃO
Transferir um desenho de uma esfera para uma superfície plana implica,
automaticamente, em deformações.
a) Projeção equivalente de
Mollweide
b) Projeção azimutal eqüidistante
c) Mapa-múndi





a) Projeção equivalente de b) Projeção azimutal eqüidistante c) Mapa-múndi
Mollweide

Os cartógrafos sempre souberam disso e em muitas vezes se utilizaram
deste artifício em benefício próprio. Os esquimós, por exemplo, desenhavam
seus mapas com base no tempo do percurso. Assim, regiões montanhosas,
que demandavam longos períodos para serem percorridas, eram representadas
com deformações horizontalmente para que houvesse uma correspondência
com a duração do percurso.
Hoje em dia as projeções, também possuem deformações, embora sejam
bem diferentes das existentes nos antigos mapas. Ainda assim, elas continuam
sendo feitas para atender alguns de nossos interesses. Quando queremos representar
uma determinada área sem que haja alteração das dimensões do
terreno, utilizamos a projeção denominada equivalente.
Cartas náuticas, por exemplo, utilizam-se de projeções onde os ângulos
são preservados para permitir que os navegadores possam tomar as direções
corretas. Esta propriedade geométrica é chamada de conforme e dá origem a
um tipo de projeção muito utilizado hoje em dia, pois além de preservar os
ângulos, também permite que as escalas sejam as mesmas em qualquer ponto
do mapa. Outra característica importante é que na projeção conforme não há
deformação das dimensões quando se trata de áreas pequenas.
Alguns mapas são feitos com o intuito de não apresentar deformações nas
distâncias. Assim, a escala permanece inalterada numa linha reta. Este tipo de
projeção é chamado eqüidistante e é muito comum nas representações das
regiões polares.
A projeção do tipo afilática é aquela que não possui nenhuma das características
anteriores, ou seja, áreas, ângulos e distâncias são deformados ao
longo do mapa.










A) POPULAÇÃO B) PRODUTO INTERNO BRUTO




2.2. TIPO DE PROJEÇÃO
SEGUNDO A SUA FORMA
As projeções necessitam de uma figura geométrica
de referência para serem construídas e
por isso são classificadas em função desta figura.
As principais formas geométricas geradoras
de projeções são o cilindro, o cone e o plano,
que dão origem às projeções cilíndrica, cônica e
plana, respectivamente.
A) PROJEÇÃO CILINDRICA

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